Proibido destruir

Autores

  • Renato Mendes FE-Unicamp

Palavras-chave:

Teatro Social, Teatro Político, Teatro Anarquista

Resumo

Este texto teatral é um diálogo reflexivo com a emergência social de movimentos coletivos de derrubada de estátuas que homenageiam e fisicalizam o poder dominante em diferentes territórios nacionais pelo mundo. Nele, entende-se que a disputa pelo simbólico não é uma luta abstrata, mas parte material da luta narrativa que insurge contra a visão única de mundo imposta pela hegemonia. Assim, busca-se um paralelo histórico recente com a experiência da tática black bloc, adotada por movimentos autônomos no território ocupado pelo Estado Brasileiro nas jornadas de junho de 2013.

O tempo é um futuro próximo, em que as políticas repressivas do Estado, em aliança ou conivência das forças progressistas institucionais, geraram uma nova forma de democracia totalitária. Uma jovem ativista, reminiscente solitária das lutas sociais ingovernáveis, busca derrubar uma estátua de um bandeirante, fundador de uma pequena cidade hipotética e fictícia. Em quatro quadros e um estásimo, o texto busca os limites éticos e estéticos da luta histórica e da luta contra a história.

Durante o primeiro quadro, uma alegoria do ingovernável, busca contrapor a paz armada, adotando o lema faça você mesmo. Reprimida, acaba salva das mãos da polícia por um habitante da rua. O segundo quadro é um diálogo entre as alegorias da revolta e da população fragilizada. O morador, ora ingênuo, ora consciente questionador, troca aprendizados com a ativista. No terceiro quadro, a ativista dança sua revolta, tentando e falhando em contornar ou embater a força policial. Um estásimo interrompe a obra, trazendo operários anacrônicos, simbolizando uma organização social que não consegue acompanhar a modernização do capitalismo tecnológico e subjetivo a que se contrapõe e, por isso, redunda em sua coreografia incessante e exaustiva. De volta ao enredo, o quarto quadro embate monumentos e escatologia, e conclui que a disputa pelo simbólico precisa estar além da própria linguagem.

Referências

Não há.

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Publicado

2021-12-20

Edição

Seção

Peças curtas