Das possibilidades noturnas ou Clarice Lispector em diálogo com Fausto, de Goethe
uma leitura de "Onde estivestes de noite"
Palavras-chave:
Literatura brasileira, Literatura alemã, Conto, Teatro, ComparaçãoResumo
Dispondo de um ritual de “magia maléfica” como ponto de deflagração narrativo, o texto "Onde estivestes de noite" (1974) será analisado nesse artigo como um processo de reverberação literária do texto teatral goethiano "Noite de Valpúrgis", parte integrante de Fausto (1829). Em Goethe, a assembleia de feitiçaria orgiástica composta por seres noturnos, mágicos e satânicos se desenvolve a partir de uma festividade pagã europeia, a Noite de Valpúrgis. À luz de simbologias e de confrontos comparativos, os dois textos nos mostram a noite como espaço de possibilidades oníricas e de realizações obscuras. Para essa leitura especial, nos valemos das chaves interpretativas e simbólicas trazidas pela Bíblia, por Hesíodo e por Herder Lexikon; e do paratexto oferecido por Marcus Mazzari na obra faustiana.
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