CÁRCERE FEMININO E AQUILOMBAMENTO
CONSTRUINDO ESPAÇOS COLETIVOS DE AFETO
Resumo
Em uma perspectiva interseccionada, as mulheres pretas são aquelas com maiores chances de experimentar as faces devastadoras do encarceramento massivo e suas reverberações. Em meio a tantas perdas subjetivas e materiais vivenciadas por essas mulheres, torna-se necessária a criação de espaços de resistência e de construção de afetos dentro do cárcere. Assim, a experiência ora relatada tem por objetivo apresentar a construção coletiva de oficinas multitemáticas em uma Cadeia Pública Feminina, no sertão de Pernambuco, intituladas como Quilombo no Cárcere. Nesse contexto, o aquilombamento surge como estratégia de cuidado que rompe com as lógicas coloniais de subjugação e extermínio, tão presentes nas prisões, e oferece a construção de espaços coletivos de afeto e a produção de novas aprendizagens para todos os atores envolvidos. Como principais resultados dessa experiência, têm-se a reflexão e produção de conhecimento acerca dos papéis de gênero, da violência, da raça e a promoção do autocuidado e da solidariedade entre mulheres encarceradas. Deste modo, as oficinas se mostraram como alternativa viável e potente para auxiliar as participantes no enfrentamento às adversidades do cárcere e no processo de reinserção social extramuros.