Sobre pré-performances pós-modernas
As personagens tardias de Tennessee Williams e a “atuação plástica”
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.13845831Keywords:
Tennessee Williams, Técnica, Performance, CorpoAbstract
Nas “Notas de produção” de The glass menagerie, Tennessee Williams propõe um teatro “plástico” que utilizaria todos os meios teatrais para transformá-lo em uma arte performativa visual e total. Contudo, as produções teatrais que contribuíram para fazer de Williams um dos maiores dramaturgos estadunidenses encenaram as peças em um estilo realista, que também se refletiu no estilo de atuação dos atores. A maioria dos atores, de fato, foram treinados em uma técnica estadunidense moderna e realista. A tradição da atuação realista convida os atores a construírem suas personagens a partir de uma base psicológica, que auxilia a explicar e identificar a personagem. Até que ponto o estilo de atuação realista ajudou a estabelecer o teatro de Williams na categoria do teatro psicológico e naturalista, e contribuiu para interpretações equivocadas de suas peças tardias e mais subversivas? Como a atuação pode auxiliar na preparação de atores e espectadores para o teatro total e “plástico” imaginado por Williams? A obra tardia de Williams subverte radicalmente a ordem realista e traz à baila personagens irreais, elusivas e até mesmo grotescas, que requerem que o ator se aproxime delas de uma nova maneira. Este artigo propõe uma reflexão sobre a responsabilidade do ator e a possibilidade de reabilitação dos textos tardios de Williams na prática. O objetivo é estudar o imaginário novo e pós-moderno dos textos, bem como as suas implicações práticas. O corpo subversivo e antipsicológico das peças tardias e as personagens imperscrutáveis requerem novos corpos nos palcos, que incorporem reflexões pós-modernas em sua própria prática.
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