Deleitar ensinando
a morte e a justiça divina na peça El burlador de Sevilla (1630), atribuída a Tirso de Molina
Palabras clave:
Morte, Justiça divina, Teatro espanhol, Tirso de MolinaResumen
Neste artigo, buscamos fazer breves considerações sobre a morte e a justiça divina na peça teatral El burlador de Sevilla o convidado de piedra (1630), atribuída a Tirso de Molina (1579-1648). Ao situar a peça dentro da tradição de ars moriendi (arte de morrer), pretendemos evidenciar que D. Juan Tenorio não se prepara adequadamente para a morte e, consequentemente, para o encontro com a justiça divina, a qual é responsável por premiar ou castigar a alma. Além de ser parte integrante do post mortem, a justiça divina na peça, como procuramos demonstrar, funciona também como uma reparadora das falhas da justiça humana. Tais questões, como discutiremos, devem ser lidas como integrantes das finalidades da poesia, deleitar e ensinar, vigentes no século XVII. Assim, a morte de D. Juan, ao mesmo tempo que deleita a audiência, ensina-a a preparar-se para a morte e a crer na justiça divina.
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