Iracema, outras iracemas, devir iracêmico
Palabras clave:
Autoria, Corpo, Ameríndio, Xamanismo, DevirResumen
O monólogo Se eu fosse Iracema (2016) encena uma noção de corpo que será inscrita, aqui, sobre a obra canônica de José de Alencar. Em contraste ao corpo exótico e exteriorizado da protagonista, este estudo busca delinear o corpo cênico performado pela intérprete Adassa Martins, na direção de Fernando Nicolau: um corpo que deforma os contornos da máquina ocidental de pensamento e produz um particular tipo de devir. Trata-se do conhecido conceito de Gilles Deleuze (2012) associado à noção de graça desenvolvida por Maria Cristina Franco Ferraz e à prática xamânica encontrada nos estudos de Eduardo Viveiros de Castro. O devir iracêmico, assim, demonstra a abertura à alteridade ameríndia realizada na dramaturgia de Fernando Marques.
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