A questão do concretismo em Moço em estado de sítio

Autores

  • Gabriella Pereira Rodrigues UNESP - Universidade Estadual Paulista
  • Elizabete Sanches Rocha UNESP - Universidade Estadual Paulista

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.14541056

Palavras-chave:

Oduvaldo Vianna Filho, Dramaturgia brasileira, Ditadura, Teatro Político

Resumo

O artigo propõe examinar a maneira que o concretismo aparece na dramaturgia de Moço em estado de sítio (1965), de Oduvaldo Vianna Filho, orientada pelo debate presente em textos fundamentais de Antonio Candido e Haroldo de Campos. A análise da dramaturgia, com ênfase nas cenas em que o protagonista Lúcio trabalha no suplemento literário, flagra as teses defendidas por Candido sobre a utilização de elementos textuais e visuais do concretismo em favor da propaganda, demonstrando assim a inquietação daquele momento histórico sobre o avanço da indústria cultural alavancada pela ditadura e, com isso, o cerco aos intelectuais de esquerda. A dramaturgia revela o empenho de reflexão do autor no momento seguinte ao golpe militar e a atualidade deste tipo de exercício teatral como tentativa de apreender a realidade e comunicá-la.

Biografias do Autor

  • Gabriella Pereira Rodrigues, UNESP - Universidade Estadual Paulista

    Realiza mestrado sobre a dramaturgia de Moço em estado de sítio, com fomento da Fapesp, no Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp, Araraquara, Brasil. Dramaturga integrante do grupo Seu Edgar Teatro & Cia. 

  • Elizabete Sanches Rocha, UNESP - Universidade Estadual Paulista

    Docente do Departamento de Relações Internacionais da FCHS-Unesp de Franca-SP e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da FCL-Unesp de Araraquara-SP. Foi pesquisadora sênior da Fundação Memorial da América Latina na Cátedra Unesco/Unitwin, em 2022, e professora visitante da Universidad Nacional del Litoral, em Santa Fé, Argentina, em agosto de 2023, pela Associação de Universidades Grupo Montevidéu (Augm). Atualmente é orientadora do mestrado, em desenvolvimento, da autora deste artigo. E-mail: elizabete.sanches@unesp.br.

Referências

BETTI, Maria Silvia. Oduvaldo Vianna Filho. São Paulo: Edusp, 1997.

BORGES, Luiz Paixão Lima. Moço em estado de sítio: ruptura e experimentação em tempos de ditadura. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 23, n. 44, p. 365-381, 2018.

BÜRGER, Peter. Teoria da vanguarda. São Paulo: Cosac & Naif, 2008.

BUSTAMANTE, Fernando; ALFONSO, Daniel A.. Vianinha e sua luta política no campo estético sob a ditadura. Opiniães, São Paulo, n. 15, p. 74-96, 2019.

CAMPOS, Haroldo de. Tradição, transcriação, transculturação: o ponto de vista do ex-cêntrico. In: TÁPIA, Marcelo; NÓBREGA, Thelma M. (Org.). Haroldo de Campos: transcriação. São Paulo: Perspectiva, 2013.

CANDIDO, Antonio. Literatura e subdesenvolvimento. In: CANDIDO, Antonio. A educação pela noite. São Paulo: Ática, 1989. p. 140-162.

CARVALHO, Sérgio. Aspectos da forma dramática e breve comentário sobre teatro épico e pós-dramático. In: MARTINS, Bene; LIMAH, Fábio; CHARONE, Olivia (Org.) Seminários de dramaturgia amazônida: memória. Belém: Editora Universitária da Assessoria de Educação a Distância - EditAedi, 2017. p. 18-35.

COSTA, Iná Camargo. A hora do teatro épico no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

DAMASCENO, Leslie Hawkins. Espaço cultural e convenções teatrais na obra de Oduvaldo Vianna Filho. Campinas: Editora da Unicamp, 1994.

MORAES, Dênis de. Vianinha, cúmplice da paixão. Rio de Janeiro: Record, 2000.

MOSTAÇO, Edelcio. Teatro e política: Arena, Oficina e Opinião. São Paulo: Proposta Editorial, 1982.

PATRIOTA, Rosangela. Vianinha: um dramaturgo no coração de seu tempo. São Paulo: Hucitec: São Paulo, 1999.

RIBEIRO, Paula Chagas Autran. Teoria e prática do seminário de dramaturgia do Teatro de Arena. Dissertação (Mestrado em Artes) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

ROSENFELD, Anatol. O teatro épico. São Paulo: Perspectiva, 1996.

SARACENI, Paulo César. Por dentro do cinema novo: minha viagem. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

SCHWARZ, Roberto. Cultura e política, 1964-1969. In: SCHWARZ, Roberto. O pai de família e outros estudos. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

SZONDI, Peter. Teoria do drama moderno. São Paulo: Cosac & Naify, 2001.

TOLEDO, Paulo Bio. Impasses de um teatro periférico: as reflexões de Oduvaldo Vianna Filho entre 1958 e 1974. Dissertação (Mestrado em Artes Cênicas) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

TOLEDO, Paulo Bio; LIMA, Nathália Cioffi de. Sob melancolia histórica: O pós-64 em Moço em estado de sítio, de Oduvaldo Vianna Filho. Urdimento – Revista de Estudos em Artes Cênicas, Florianópolis, v. 2, n. 44, p. 1-17, set. 2022.

VIANNA FILHO, Oduvaldo. Moço em estado de sítio. São Paulo: Temporal, 2021.

VIANNA FILHO, Oduvaldo. Mão na luva. São Paulo: Temporal, 2021.

VIANNA FILHO, Oduvaldo. Corpo a corpo. São Paulo: Temporal, 2021.

VIANNA FILHO, Oduvaldo. A longa noite de cristal. São Paulo: Temporal, 2019.

VIANNA FILHO, Oduvaldo. Papa Highirte. São Paulo: Temporal, 2019.

VIANNA FILHO, Oduvaldo. Rasga coração - edição especial em dois volumes. São Paulo: Temporal, 2018.

VIANNA FILHO, Oduvaldo. O meu corpo a corpo. Revista da SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais), n. 387, maio-jun. 1972.

VIANNA FILHO, Oduvaldo. Perspectivas do teatro de 1965. In: PEIXOTO, Fernando. (Org.). Vianinha – teatro, televisão, política. São Paulo: Brasiliense, 1983.

VIANNA FILHO, Oduvaldo. Um pouco de pessedismo não faz mal a ninguém. Revista Civilização Brasileira, Caderno Especial n. 2, p. 69, 1968.

VIANNA FILHO, Oduvaldo. Peças do CPC. São Paulo: Expressão Popular, 2016.

VILLARES, Rafael de Souza. Entre a instabilidade e a melancolia: o retrato da militância no pós-1964 em Moço em Estado de Sítio. Disponível em: https://www.temporaleditora.com.br/blog/artigo/entre-a-instabilidade-e-a-melancolia-o-retrato-da-militancia-no-pos-1964-em-moco-em-estado-de-sitio. Acesso em: 06 fev. 2023.

Publicado

2024-12-28